Simplicidade ao Pregar
Não é nada fácil alcançar simplicidade na pregação, pois é difícil falar em linguagem simples, clara, eficaz e fácil de entender. Cada palavra deve ser a palavra certa e estar no seu lugar correto. Na verdade, é muito difícil falar ou escrever aquilo que desperta interesse e é lembrado, que agrada e é compreensível, que é assimilado e não esquecido.
Eis aqui algumas breves sugestões para ajudar o jovem pregador (e talvez alguns não tão jovens, também).
Tenha uma visão clara do assunto, e procure compreendê-lo bem. Saiba o que você quer provar, ensinar ou estabelecer, e aquilo que você deseja que seja lembrado. Aqueles que não tem um alvo alcançarão o seu objetivo – isto é, nada! Evite passagens obscuras, assuntos fantasiosos, e versículos “convenientes”.
Não tire versículos do seu contexto ou dê a eles significados que o Espírito Santo nunca intencionou que tivessem. Escolha trechos claros e simples. Não tenha medo de fazer divisões na sua pregação. Coloque tudo em ordem cuidadosa para que suas divisões sigam uma após a outra, com naturalidade. Tais divisões são como ganchos, pinos e auxílios para a mente.
Use, sempre que possível, palavras simples, do dia a dia. Cuidado com palavras compridas, complicadas. Fale de "iludir" em vez de "ludibriar", de "todo-poderoso" em vez de "onipotente", de "principal" em vez de "primordial". Sem um vocabulário simples, não é possível alcançar simplicidade na pregação.
Tenha como alvo um estilo simples. Evite frases compridas e complicadas. Cultive o hábito de frases curtas. Frases longas, complicadas, com muitas vírgulas, ponto-e-vírgulas e parênteses, são fatais para a simplicidade. Use dizeres exatos nas suas frases. Por exemplo, "o que tecemos na vida tecemos para a Eternidade". "O que começa com oração terminará com adoração", e assim por diante. Dizeres conhecidos dão clareza e força à pregação.
Use linguagem direta ao falar e escrever. Use “eu” e “você”, ao invés de "nós". Não se preocupe se isto provocar críticas. Aprenda a falar diretamente às pessoas, com clareza.
Use ilustrações quando necessário. O Senhor usava ilustrações de coisas ao seu redor. Se você usar histórias como ilustrações, conte-as com naturalidade. Não exagere na ilustração ou exceda a sua utilidade.
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Gaste tempo e esforço na preparação. Leia bons livros. Cuidado para não tentar pregar sermões "lindos", "talentosos" ou "populares". Se Cristo crucificado não tem o Seu devido lugar, se o pecado não é apresentado na maneira devida, e se não for dito claramente às pessoas o que elas devem ser e fazer, a sua pregação de nada vale.
Uma apresentação boa e interessante é necessária. Deve ser feita com clareza e nitidez. Mas, toda a simplicidade do mundo é inútil se não for acompanhada de oração, rogando as bênçãos de Deus, e se não houver uma vida que corresponde com aquilo que pregamos. Nunca nos esqueçamos de associar a nossa pregação com um viver santo e com oração fervorosa.
J. C. RYLE (COUNSEL MAGAZINE)
"Simplicidade ao Pregar" foi o assunto de uma aula expositiva na Catedral de São Paulo, em 1876, e foi posteriormente publicado na forma de um livro, mas o livreto se esgotou rapidamente. J. C. Ryle era um mestre na arte de linguagem clara e simples, e seu conselho é digno de receber a devida atenção.
Referência Bibliográfica:
RYLE, J. C. Simplicidade ao Pregar. Jornal O Caminho nº 50. Pirassununga: L. M. Altoé e W. J. Watterson Editores, s/d.
Referência Bibliográfica:
RYLE, J. C. Simplicidade ao Pregar. Jornal O Caminho nº 50. Pirassununga: L. M. Altoé e W. J. Watterson Editores, s/d.